quarta-feira, 29 de junho de 2016

Resenha: Perfeitos, o segundo livro da série "Feios" de Scott Westerfeld

Hallo!

perfeitos livro
Como não há muitas imagens, vou incluir várias capas diferentes.
Esta é a brasileira.


Já trouxe o mais rápido possível a resenha da continuação de Feios!




Informações Básicas:
Nome: Perfeitos
Série: Feios
Autor: Scott Westerfeld
Páginas: 382
Editora: Galera Record
Sinopse: Tally finalmente é perfeita. Agora seu rosto está lindo, as roupas são maravilhosas e ela é muito popular. Mas por trás de tanta diversão – festas que nunca terminam, luxo e tecnologia, e muita liberdade – há uma incômoda sensação de que algo importante está errado.
Então Tally recebe uma mensagem, vinda do seu passado, que a faz se lembrar qual é o problema na sua vida perfeita. Agora ela precisará esquecer o que sabe ou lutar para sobreviver – as autoridades não pretendem deixar que alguém espalhe esse tipo de informação.


capa perfeitos
Capa americana de "Perfeitos"

É difícil contar a história de "Perfeitos" sem dar spoilers do que aconteceu em "Feios". Então, em todas as resenhas que eu li, os autores preferiam contar apenas suas impressões sem se aprofundar no enredo. Eu, por outro lado, acho difícil falar o que eu achei - e explicar de onde vem tal sentimento - sem me aprofundar um pouco na história. Vou evitar os spoilers de "Perfeitos", mas infelizmente não tem como fugir dos de "Feios".

Aviso aos navegantes: Contém spoilers de "Feios".

Se ainda não leu, prossiga por sua própria conta em risco.


Okay, então vamos lá?



Tally Youngblood, uma jovem de 16 anos, agora é perfeita. Depois de retornar da Fumaça com Shay, sua melhor amiga, a garota foi submetida à operação que a deixaria linda - e também inofensiva. É isso que as lesões fazem com os Perfeitos.

Por esta razão, as memórias de Tally são confusas, e suas histórias divergem das contadas por Shay. A garota pensa que sua amiga está apenas exagerando, como por exemplo contando que tiraram-na direto da sede dos Especiais.

Como sua única obrigação era festar muito e ser socialmente ativa, a jovem deseja se juntar aos Crims, ou os Criminosos, um grupo de perfeitos  onde você só pode entrar se for aceito por todos os membros e ter um passado "criminoso", ou seja, ter sido um feio que pregava várias peças.

Então Shay aparece e Tally busca ajuda - pois "semi-formal" deixou a pobre Tally confusa sobre o que usar - descobre que é, na realidade, uma festa a fantasia, e que a jovem deveria ir 'borbulhante' para impressionar os Crims. As duas, agora melhores amigas novamente, buscam a roupa perfeita para irem juntas.

Tally, como uma ex-esfumaçada, não tem problemas em se encaixar nos requisitos, mas ainda sofre pela antecipação da votação. Naquela noite, ela seria votada pelos membros e, caso aprovada, seria oficialmente uma Crim. Porém, alguém de seu passado aparece como penetra e trás a ela memórias a muito esquecidas de quando era apenas uma feia.

Então, conforme a história avança, Tally conhece melhor o perfeito Zane, o líder dos Crims e, é em seu primeiro encontro com ele para um café da manhã. Algumas de suas memórias de feia voltam e eles vão para a mansão antiga onde houve a festa à fantasia. Lá, no prédio com suas paredes 'burras', Tally e Zane tentam desvendar a mensagem enigmática deixada pelo esfumaçado.

Perfeitos capa
Capa encontrada como da Indonésia de "Perfeitos"
Como eu comecei "Perfeitos" logo após terminar "Feios", estava ansiosa para saber como a história continuaria e devorei minutos a fio do meu audiolivro enquanto era transportada a esse universo fantástico criado pelo Westerfield.

Desde o início é possível ver as mudanças em Tally, que embora ainda fosse a mesma pessoa, agora era muito diferente do que nos acostumamos em Feios. Acordando muito depois do meio-dia e com uma ressaca daquelas, a garota se vê muito preocupada com a palavra 'semi-formal' no convite da festa que iria depois do anoitecer.

O leitor é mergulhado numa realidade completamente diferente da que vimos com a Tally feia e o jeito com que ele descreve tudo ao redor passa bem o ar dos típicos adolescentes festeiros de 16 anos. Por exemplo, não é dado um nome ao dispositivo que dá as jovens as roupas que pedem e as recicla quando elas não mais a desejam, ele é apenas chamado de "buraco na parede".

Eu realmente apreciei o jeito que ele desenvolve a futilidade dos perfeitos, principalmente ao mostrar a cirurgia de Shay - pedras em seus olhos que marcavam a hora, só que ao invés de girar no sentido horário, o relógio ocular girava no sentido anti-horário.

– Espera aí. Você está com pedras preciosas nos olhos? E elas marcam as horas? No sentido anti–horário? Não acha isso meio exagerado, Shay ?
No mesmo instante, Tally se arrependeu do que disse. O rosto de Shay foi tomado por uma expressão trágica que capturou todo o esplendor do momento. A impressão era de que ela ia chorar, apesar de não estar de olhos inchados ou nariz vermelho. Uma cirurgia recém–feita era sempre um assunto delicado, quase tanto quanto um novo penteado.
– Você detestou – comentou Shay, baixinho.

Perfeitos livro
Capa coreana de "Perfeitos"
No entanto a história nem sempre me manteve tão grudada em suas páginas.  Eu me sinto muito triste de ter que criticar algo que eu gosto tanto - que é a ficção científica. São poucos os livros que fazem sucesso de verdade nesses tempos de mesmice, e menos ainda que são best sellers, mas sinto que devo ser honesta. Westerfeld criou um universo fantástico e eu me apaixonei por "Feios", mas devo confessar que "Perfeitos" não foi tão perfeito para mim.

Chegamos em certo ponto da história que eu paro de gostar do que vejo - ou escuto, melhor dizendo - e me pego esperando a história correr para chegar numa parte mais interessante. Isso não é o que um leitor busca quando lê um livro e, muito menos, o que eu esperava de algo que eu gostava tanto.

Tally começa a criticar os novos hábitos de Shay - que, de fato, não são saudáveis - no entanto ignora os seus próprios maus hábitos. Temos uma coleção de péssimos exemplos para um jovem leitor e há 'justificativas plausíveis' para eles vindas de todos os lados.

Em "Feios" vimos uma crítica pesada contra os nossos padrões de beleza e a anorexia - a doença 'de não comer' que Tally menciona. Enquanto isso, em "Perfeitos" ela enaltece sua própria magreza forcada - e justificada, dentro da narrativa.

Tally deu um puxão no seu só para testar. O bracelete escorregou pela mão e travou as poucos centímetros de sair. Ela não tinha comido quase nada no dia anterior, determinada a desaparecer, se fosse a única maneira de arrancar aquela coisa. Agora se perguntava se um dia conseguiria ficar magra o bastante.

Sim, como disse acima, é justificável pela narrativa. Mas é o ideal usar a ideia de uma garota de 16 anos passar fome como uma tentativa plausível de fuga? Não é bacana - e também é um pouco estúpido para quem estudou pouca coisa de biologia - mas se fosse apenas este hábito ruim, era possível fazer vista grossa.

Não vou me aprofundar no de Shay, pois isso dá spoilers também para o terceiro livro, mas é outro que não me incomodaria tanto se tivesse sido usado de outra forma - algo que o negativasse mais. Soa um pouco romantizado demais.

Sei que não tem como você trabalhar algo sem apresentá-lo primeiro, mas, neste caso, como foram deixadas pontas soltas para se resolverem no último livro, eu acredito que deveria ser melhor trabalhado. Espero uma boa resolução em "Especiais", o terceiro livro da série. Por enquanto são assuntos que deixaram um gosto amargo na boca. Vou sair da problematização para continuar apresentando o que não gostei.

meme
Eu

Zane faz um molde para ser usado num equipamento específico com grandes chances de dar errado e, pouco tempo depois, Tally acha a solução perfeita para o problema olhando para um outro equipamento do lado deste. Será que o garoto não podia ter chegado a essa resposta sozinho?

As circunstâncias em que ela conheceu Andrew Simpson-Smith também não me foram muito convincentes. O local onde ele se encontra ser tão próximo dos limites parece muito conveniente para o momento. Alguém com dois neurônios podia imaginar que, por segurança, deveria ser muito mais longe. Sei que o personagem irá voltar em "Especiais" e espero que esse ambiente seja melhor trabalhado também.

Por último, o desfecho da história não me soou dos melhores. Parece forçado. Aliás, da metade do livro para frente todos os acontecimentos parecem "moldados" para que Tally chegue no ponto que o escritor quer.

É muito difícil comentar sem dar spoilers, e por isso, irei fazer um post onde vou falar de leitor para leitor - ou, ao menos, de uma leitora a um curioso - onde pretendo esmiuçar os meus incômodos. Por enquanto deixo apenas meu descontentamento em gif:

gif
"Eh"
O que eu quis dizer com essa review ridiculamente longa é: eu esperava mais. Amei "Feios" e me peguei presa à primeira metade de "Perfeitos", no entanto o restante não me agradou tanto. Confesso que não sei o que esperar de "Especiais", porém já não tenho a mesma vontade de antes.

Nota   
Por ter um bom começo, mas acho que merecia apenas duas.


Vou continuar na luta e espero trazer a review do último livro logo!

Finalmente acabou, é isso, beijos!

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