Resenha: Especiais, o terceiro livro da série "Feios"

Oolá!

Finalmente terminei o último livro da trilogia e venho trazer a resenha procês!




Ainda me falta ler "Extras" o quarto livro uma continuação não continuação que não faz parte da série teoricamente mas faz sim, mas ainda não tive coragem. Sim, me falta coragem.
Sem mais delongas, cá vamos para mais uma review.

Informações Básicas:
Nome: Especiais
Série: Feios
Autor: Scott Westerfeld
Páginas: 352
Editora: Galera Record
Sinopse: Circunstâncias especiais. As palavras dão arrepios a Tally desde seus dias como uma repugnante e revoltada Feia. Naquela época, especiais eram um boato sinistro - assustadoramente bonitos, perigosamente fortes, chocantemente rápidos. Perfeitos comuns podem viver uma vida inteira sem conhecer um especial. Mas Tally nunca foi comum. E agora ela se tornou um deles: uma super máquina de combate, construída para manter os feios humilhados e os perfeitos idiotas.
A força, a velocidade, e a clareza e foco de seus pensamentos é a melhor coisa que Tally consegue lembrar. Na maior parte do tempo. Uma pequena parte do seu coração ainda se lembra de algo mais. Mesmo assim, é fácil ignorar isso - até Tally oferecer-se a acabar permanentemente com os rebeldes de New Smoke. Tudo se resume a uma escolha: escutar seu coração ou realizar a missão para que foi programada. De qualquer jeito, o mundo de Tally nunca mais será o mesmo.

Capa Alemã

Aviso aos navegantes: Contém spoilers de "Perfeitos" e "Feios".

Se ainda não leu, prossiga por sua própria conta em risco.

Só para constar. Vou tentar não dar spoilers de "Especiais" e deixar isso separado para um post que irei fazer comentando da série toda com vários spoilers.

Vamos lá?

Tally foi Feia. Depois foi Perfeita. Agora é Especial.

Depois de ter sido recapturada em Nova Fumaça, Tally foi submetida a uma nova cirurgia e seu corpo foi modificado para ser letal. Com a mesma beleza cruel dos Especiais, Tally também tem algumas modificações extras, como dentes e unhas pontiagudas, tatuagens que se movem com o ritmo das batidas de seu coração se espalham por todo o seu corpo, os olhos são escuros e poderosos.

Como uma Cortadora - os Especiais dos Especiais, criados para sobreviver na selva - Tally faz parte de um novo grupo, interligados por dermantenas. que os deixam mais próximos. Nele, Shay - a chefa - lidera Tally, Fausto, Tachs, Ho e outros na caça os Esfumaçados de Nova Fumaça, que estão espalhando a cura pela cidade.

Os Cortadores são assim chamados por causa de um hábito específico: de se cortarem com facas para ficar "sagazes". Quando se cortam, eles podem ver o mundo com mais claridade e se livrar das emoções medíocres.

Então, desejando que Zane se junte aos Cortadores, Tally faz uma promessa à Shay: Se ela a ajudasse a tornar seu namorado um Especial como elas, Tally não causaria mais problemas. Mas ele ainda tem sequelas das pílulas que curavam as lesões e talvez isso fosse demais para a Cortadora, que mal conseguia olhar para Zane sem sentir repulsa - uma das consequências da cirurgia que a transformou em Especial.

É difícil falar sem dar muitos spoilers, mas vou tentar meu melhor.
Westerfeld conseguiu dar um final satisfatório para sua série, apesar dos problemas. Enquanto Perfeitos foi uma morte horrível, aqui nós vemos ele tentando colar os caquinhos de uma ideia sensacional para salvar um pouquinho do universo fantástico que ele criou em Feios.

A história começa arrastada, como no final de Perfeitos. É como se ela tivesse escalando de volta do fundo do poço de onde Westerfeld colocou a série Feios de volta a um local aceitável.

Nas minhas anotações eu leio coisas como "Nada acontece, feijoada" e "Nossa chega por favor" porque a história demora a tomar ritmo, e se torna cansativo. Como eu li pelo audiobook, não posso dizer que pulava parágrafos, mas, se estivesse com o livro na mão, com certeza era isso que estaria fazendo.

Ouvir Tally falando dos Cortadores no começo é assustador. Sério. Não é bacana e nem ao menos é saudável. A ideia de incluir automutilação na história seria muito boa - se tivesse sido bem desenvolvida. Infelizmente Westerfeld pecou nisso e, quando se escreve para uma audiência impressionável, isso não é OK.

Alguns Cortadores tinham parado de cortar a pele e passado a marcar os braços com fogo usando lenha incandescente. Assim como os cortes, isso mantinha a mente sagaz. Mas, para Tally, o cheiro lembrava os animais mortos que os Enfumaçados cozinhavam. Então ela continuou usando facas.

Eu nesse trecho e na primeira metade do livro

O começo é bem assustador. É a ideia do autor, eu sei, mas não deixa de ser estranho ler. Nem a parte onde ela encontra David logo no começo é bacana, parece um pouco forçado.

A voz de David saiu trêmula:
– O que eles fizeram com você, Tally?
– Eles me fizeram enxergar – respondeu.
David balançou a cabeça com ar de tristeza e, então, jogou Shay no rio. O corpo inerte desabou e caiu no rio de cara, com força. David deu meia–volta com a prancha e espirrou água ao disparar em fuga. 

Chega

O cara jogou a garota desacordada num rio sem dar meia foda pro acontecido.

Também devo dizer que o número de "Shay-la", "Tally-wa", "Zane-la" e qualquer outro nome -la (incluindo um eventual 'Ho-la') é insuportável no começo. Chega uma hora que você prefere desligar/fechar o livro a ter que ver mais um disso na sua frente.
Trechos como:

– Estou feliz, Shay –la. [...]
– Às vezes é preciso abandonar as pessoas, Tally–wa.

E

– Não, Tally –wa. É uma transmissão da interface da cidade. – Ela apontou para um conjunto de pontos dois andares abaixo. – Aquele é Zane–la e alguns amigos. Ele continua no velho quarto, viu?

Morta feat enterrada

E eu sou a pessoa que não se irritou com o número de "borbulhante" e "careta" do livro anterior. Mas okay, tudo bem, eu sobrevivi.

Depois disso, a história pega ritmo. Vamos a mais uma viagem pela selva até a Nova Fumaça - onde, pelo menos dessa vez não passamos cinco minutos antes de ir embora de novo. As coisas se desenvolvem de forma interessante e o final faz sentido, o que muito me apetece.

O acontecido no hospital - uma das cenas mais tristes - é pesado. Mostra um lado das cirurgias no geral que muitos não pensam antes de entrar na faca: as consequências.

De novo, só acho que a parte da automutilação devia ter sido melhor desenvolvida. Vou falar melhor no outro post com spoilers, porém o que eu posso deixar aqui é que não faz muito sentido no geral, porque ela não precisava disso em Perfeitos, e também os motivos dela parar deviam ser diferentes. Não era por ela mesma.

Então, no fim das contas, Especiais vale a leitura, se você conseguir passar pelo torturante começo arrastado vindo do final de Perfeitos, acredito que é uma conclusão boa para a história. Se ela tivesse sido melhor trabalhada, poderia ser melhor, mas, como não foi, temos que lidar com o que temos.

Nota: 
E acho que estou sendo bem sincera.

O livro é legal, mas os problemas arrastados pela série com uma explicação fraca me deixam com um gosto amargo na boca.


É isso, espero que gostem.
Beijos!